segunda-feira, 27 de julho de 2015

Aforismos Filosóficos

Algumas pessoas justificam seu erros dizendo que são humanas, mas esquecem que a principal característica do ser-humano é o livre-arbítrio, e que , quando a meta é o bem e a felicidade, nossas escolhas são bem guiadas. Errar ou não é, portanto, uma questão de caráter, pois sempre sabemos – quase que intuitivamente – das consequências de nossas opções.

Suas Palavras

As palavras que eu nunca sonhei dizer
Dormiam em mim, mas em meu olhar
Podia-se ver, nas noites de Luar
Que elas descreviam você

As palavras que eu não podia dizer
Dizem algo além do Infinito
E no seu rosto, em seu sorriso
Não irão jamais se perder!

Pois tais palavras – não me era dado dizer
Se ditas ao léu, em frontes vazias
Seriam menos do que mentiras
Apenas você irá senti-las e apenas você...

Estas palavras que eu tanto queria dizer
Tão belas elas são, hino dos Anjos
Eu lhe direi elas por todos nossos anos
Nos dias, nas noites e ao Amanhecer

As palavras que eu tanto quero dizer
Eu sei – foram-me dadas por Deus
Estavam nos meus sonhos e estavam nos seus
E já disse e não me canso de dizer
"Eu Amo Você, Eu Amo Você...!"


Allan Kelvin
23/07/2015


quarta-feira, 15 de julho de 2015

Cronicas da Casa Vazia

O Vulto na Janela (Segunda parte)

De repente, algo chamou minha atenção, a minha frente, a apenas alguns metros de janela. Senti algo estranho novamente. Um calafrio percorreu minhas espinhas enquanto minha intuição acusava uma presença. Esperei meus olhos se habituarem as trevas e então pude delinear um vulto esbranquiçada no gramado, de frente para mim, também me contemplando! Aturdido, senti minhas pernas enfraquecerem, mas logo voltei a mim e gritei, resoluto “Quem é você? O que quer?”. O desconhecido – ou talvez desconhecida? - não respondeu. Com os olhos mais afeitos à escuridão, pude perceber que se tratava uma mulher, vestida de branco, nívea e talvez com os cabelos negros ou acastanhados. Limitou-se a me encarar por mais um momento, para então se afastar, como se houvesse também se assustado. Estava talvez aturdida, louca, perdida. Começou a se afastar, pareceu-me então que fugia de algo e que estava alheia a minha presença. Num ímpeto, pulei a janela, pois não a podia deixar assim, sozinha. Passei a segui-la. Atravessei o gramado e fui atrás da moça de branco.
Chegamos – apenas a uma distância de uns dez passos – à ponte que cortava um pequeno rio, plácido nos tempos de seca mas que naquela noite impelia violentamente suas águas por debaixo da passagem. Esbaforido, notei ainda as batidas do sino do Campanário da Igreja. A mulher, pude ver então, era belíssima, dir-se-ia um anjo perdido na terra. Branca, beirando a palidez doentia, cabelos negros encaracolados e beijados pela brisa. Parecia que uma das ninfas que me inspirava fugira de meus sonhos. Repentinamente, ela então subiu no muro de pedra que guarnecia um dos lados da ponte. Olhou para baixo, como que hipnotizada, a correnteza abaixo precipitando-se contra as rochas do rio. “Não!” Bradei, impelindo-me contra o muro na tentativa de salvá-la. Mas era tarde demais. Ela pulara.
“Não!!!” Gritei. Acordei sobressaltado. O gato, a meus pés, se dispôs a levantar a sua cabeça e me olhar, indiferente, e logo voltou a dormir. Tudo não passara de um sonho. Intenso, mas um sonho. A janela estava fechada, como eu a deixara. O gato dormia. O livro que eu estava lendo, sobre meu peito. Tudo estava em ordem. Levantei-me. A chuva cessara e um belo luar se delineava. Verifiquei que estivera dormindo por apenas uma ho ra. “Mistérios do mundo dos sonhos...”…
Tudo transcorreu normalmente até próximo da meia-noite. Comecei a me sentir inquieto, e quase já havia olvidado do peculiar sonho que eu tivera. A chuva não caia mais. Abri a janela e senti a brisa fria roçando minha pele. O tênue brilho das estrelas e a luz da lua , que parecia digladiar-se com os vapores da noite. Inquietude, excitação, nesses sentimentos resumia-se o estado da minha alma. O gato me olhava.“Louco” parecia querer dizer a mim com seus olhos, tamanha indiferença denotavam. Meu coração acelerou-se quando o sino do campanário deu sua primeira badalada. Eu tinha que me lembrar… terceira badalada, quarta badalada… o sonho… quarta, quinta, sexta,.. a ponte… sétima, oitava, nona badalada… a moça de branco… décima, décima primeira… “Meia Noite!!! A hora em que eu a alcancei na ponte..!”. Impulsivamente, calcei meus tênis e corri em direção à ponte. Tinha que dar tempo..!
A lua parecia iluminar meu caminho. As estrelas me guiavam. Apenas a esperança pareceu me abandonar quando me aproximei da ponte, o som das águas cada vez mais audível. Avistei então a moça de branco. Mas não estava sozinha. Um homem a acoava. Ela estava na mureta da ponte, mas diferente do sonho, o homem estava prestes a atirá-la nas águas tortuosas do rio! Num último vislumbre de forças, investi contra o desconhecido, golpeando-lhe e atirando-lhe da ponte. Pude ver ainda sua silhueta negra revolver-se nas águas violentas do rio.
A moça era ainda mais bela do que no sonho. E seus olhos – pude então contemplá-os, eram verdes, tal qual o que se diz ”esperança”. Além de poder ver renascer uma vida, pude ainda ver nascer o Amor.







domingo, 12 de julho de 2015

Crônicas da Casa Vazia

O Vulto na Janela
 (Primeira Parte)

Tudo o que vemos ou parecemos não passa de um sonho dentro de um sonho”
Edgar Allan Poe

O dia fora chuvoso. O tédio parecia navegar pelos ares úmidos, como o mensageiro onírico dos devaneios que acometem as almas ociosas e sonolentas. Todos os meus livros pareciam me levar a um único caminho de sonhos, ataviado de lânguidas ninfas bocejantes de face nívea iluminadas pelo lusco-fusco do entardecer na terra dos poetas, que apenas quem ama e sonha sabe aonde é. Pelos diáfanos vidros da janela do quarto rolavam gotas de água resultado da condensação do vapor, assemelhando-se ao correr de lágrimas - o que não seria de todo estrambólico e fantasioso, dada a melancolia daquele dia, que só foi dia porquê as horas assim o diziam, e essas, lacaias do tempo, não costumam se enganar: seis horas marcavam as badaladas do sino do Campanário, ao longe. Perdido em minhas leituras, tão excêntricas quanto improfícuas, dada a minha atenção ter sido finalmente opugnada pelo clima dolente, adormeci, ou, finalmente, entreguei meu corpo ao sono, pois minha alma este já possuia e levava como pluma embalada pelo ímpeto das brisas, pelas veredas misteriosas das terras dos meus sonhos.

Estava frio. Muito frio. Foi a primeira sensação que tive ao acordar. Ainda atordoado, esfreguei os olhos. Estava péssimo e me sentido estranho. A brisa da noite virava as páginas dos livros abertos sobre a escrivaninha, e o farfalhar das folhas das árvores se fazia ouvir, como assovios na noite escura. Sobressaltei-me ao perceber a janela aberta, pois havia a trancado há alguns dias – desde que começou a chuva – e não mais tornei a abrir. Estranhei tal fato e olhei ao redor, mais atento. A porta do quarto permanecia trancada. Tudo estava do jeito que eu deixara, até o gato ainda dormia aos meus pé, ronronando, e sequer ergueu a cabeça quando me levantei da cama. Eu estava mesmo péssimo, parecia ter dormido alguns dias e não somente algumas horas. Enquanto me acometia tal devaneio, o gato, ao ouvir algo que me pareceu ser o som de uma coruja, eriçou seus pelos, as pupilas se dilataram – parecia assustado. Coloquei meu cobertor sobre as costas, dirigindo-me à janela. Sim já era noite e o vento dissipara as nuvens. Pela janela aberta pude ver algumas estrelas de brilho fosco, uma vez que os vapores da noite ainda galgavam o céu, amortalhando o horizonte. De repente, algo chamou minha atenção, a minha frente, a apenas alguns metros de janela. Senti algo estranho novamente. Um calafrio percorreu minhas espinhas enquanto minha intuição acusava uma presença. Esperei meus olhos se habituarem as trevas e então pude delinear um vulto esbranquiçada no gramado, de frente para mim, também me contemplando!