sábado, 28 de setembro de 2024

O Homem nas Cinzas


A face cansada repousa, inerte, voltada para um céu vazio

Dedos machucados são envolvidos pela relva serenada e fria

Jaz ali o traste de um poeta exaurido pelos ventos da noite

Trazem os anjos clementes as lufadas do fogo negro que lava as tristezas...


Atendam as preces, seres da escuridão mais profunda

Busca o poeta a paz de seus antros de esquecimento

Já é tarde para esperar, silente, o amanhecer

Já não virá o sol no longínquo firmamento


"Parte de mim morreu naquele inverno", segredou o bardo em seu delírio

As árvores do bosque escuro acalentavam aquele lamento

Cada ser vivente condoia-se ante as rimas balbuciadas

Cada flor encerrava, em suas pétalas, uma recordação, um momento...





 

 

 

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