sábado, 1 de fevereiro de 2020

Reflexões filosóficas

 

Decepção...

Infelizmente, tenho o péssimo hábito - ou, mais propriamente, característica psicológica - de projetar nas pessoas de meu trato pessoal expectativas diretamente proporcionais ao meu nível de moralidade. Dizendo de outro modo, talvez eu  seja uma pessoa demasiadamente ingênua: tenho a tendência de acreditar que não farão comigo aquilo que eu jamais faria com outrem.
Nesse viés sou profundamente propenso a frustrações e decepções... Se por um lado, meu caráter me impele a pensamentos de justiça e profunda fidelidade à convicções - e pessoas -, nem sempre estou preparado para enfrentar os corriqueiros golpes inerentes a forma mesquinha e egoísta de agir e pensar dessas outras pessoas - as quais amiúde portam nada mais do que a moralidade ordinária, comum à maioria...
Não sei se esse meu aspecto idealista é uma virtude ou uma maldição - mas é inegável a propriedade que esse estranho apanágio tem de me afastar das outras pessoas: enquanto minha conduta na vida real pauta-se em meu idealismo - composto de profundos sentimentos de verdade e sinceridade - por vezes sou golpeado e digamos, magoado, com o egoísmo alheio (amiúde, dos mais próximas...), o que não contribui para minorar minha misantropia, tornando-me cada vez mais arredio.
Essa experiência transcendental - leia-se, real - envolvendo amor e lealdade - é, obviamente, uma utopia... entretanto, a busca é perene, e eu ainda espero o melhor das pessoas (essa, minha principal fonte de tristeza...). 
Certas vivências em relações pessoais me incomodam e entristecem, sobretudo quando envolvem provocações e, posso dizer, "ataques" dos tipos os quais eu jamais faria. Meu caráter me impede de aceitar e inclusive, conviver, com qualquer suspeita de infidelidade, mesmo que uma infidelidade praticada no âmbito das ideias... Atônito e decepcionado,  resguardo-me no silêncio. Essa sempre foi minha única reação. 
A cerne destas minhas desventuras não remontam nas ações das pessoas tomadas isoladamente (ad exemplum, minha suposta nam...) mas sua intenção: e eu sei quando querem me provocar. O mais que conseguem é decepção, e a perene quebra de confiança, a qual jamais será restaurada. E, enquanto isso, eu continuo em meu quase doentio heroísmo, almejando sempre buscar o melhor para as pessoas que amo, mesmo que elas não tenham a sensibilidade necessária para atribuir a isso o valor necessário. 
Essa é a minha solidão: baseada em um  deslocamento entre a expectativa (baseada na virtude) e a realidade. Uma alma deslocada em relação a um  mundo egoísta, coletivista e baseado na satisfação imediata de desejos pessoais, suplantando toda e qualquer objetivo metafísico. 
Espero um dia entender o porquê desse suposto talento de entender o mundo e de ler as pessoas, sendo que, ao mesmo tempo, não consigo  participar de suas comuns aspirações. Mas, enquanto isso, sou apenas mais um decepcionado, buscando alguma verdade e algum resquício de sentimento verdadeiro.

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