O Pôr do Sol

Foi em um vislumbre de céu de entardecer

Moldado por olhos tão sem esperança

Enquanto o último sol guiava-me a você

Perdiam-se em mim 

Dos tempos ruins

As vis lembranças...

 

A estrela da manhã se ia, não mais triste

Foram-se com ela a saudade e a solidão...

E os raios de sol eram como as raízes:

Sementes de amor 

Rebentavam em ardor

Do meu coração...

 

Aquele pôr do sol - o mais belo das eras

Após um dia de sombras, dissipou a tristeza:

Abençoados foram os passos nas pedras

Caminhei ao lado dela

A dona mais bela

Das minhas certezas...

 

E o horizonte dormia, doce e silente

As distantes estrelas desenhavam a despedida

Mas a dor, então, de mim fez-se ausente

E minh'alma de poeta

Por teus beijos, à descoberta

Enfim, voltou à vida...

 

29/08/2025

***

Irmão do Fogo

Irmão do fogo

Enterre nas trevas do tempo

A dor que jaz em ti

São cinzas aquelas palavras

Da morte, são escravas 

Encontraram elas o fim.

 

Irmão do fogo

Encontraste nas noites profundas 

A lívida face da traição

Mas não esqueça a promessa

"A lua enganou o poeta "

Como a dor inunda o coração...

 

Irmão do fogo

Já não é a sua alma

Que habita tuas sombras

Já não sabes a verdade

Amor é mera saudade

Que fere e que zomba...

 

Irmão do fogo

Parte de ti morreu 

E jaz naquele vale profundo

Não se volte para lá

Pois a alma que o fez chorar

Guarda o caminho mais impuro.

 

Irmão do fogo

Eu trouxe até ti, as chamas

Teus olhos brilham como espelhos

Onde antes o ódio flamejava

A esperança ascende, cálida

Revelando teus segredos!

*** 

Pregos cravados na alma

Últimas palavras 

Seus lábios previram o fim

O sangue - a esperança

O medo - uma lembrança 

Escreveram as noites 

O que restou de mim

 

As trevas, os ventos, palavras

O tempo, a verdade não cala

A mentira que não volta

Não volta

 

No fundo do abismo

É onde a fraqueza termina

Queimei com meus inimigos

Para renascer das cinzas

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Por causa de ti mais cedo amanheceu

Mais cedo firmou-se o arrebol:

Pois os raios de sol apressaram-se no afã de beijar-lhe a face...

Promontórios do Olhar

O que eu vi eu seus olhos 

Descrevo a Deus, nas noites, sozinho

Pois és tu, o anjo de meu destino

Do sentimento eterno, o brilho...

Eu vi, em seus olhos!

 

O que eu vi em seus olhos

Não pode nem o tempo guardar

Pois eterno é o sonhar

Extenuante, o galgar

Além dos promontórios!

 

O que eu vi em seus olhos

O amor indizível, mas tão simples

Da safira, as mais belas matizes

Feitiços e a beleza de Circe

Eu vi em seus olhos!

 

Guardo teu sono, ansioso

Em devaneios, pelas noites tenebrosas

Contando em pranto as lentas horas

 Espero o anil do amanhecer:

Teu despertar, cerúleo nascer

Que de amor faz-me morrer!

 

 

 

***

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Eu vejo as estrelas sob seus olhos sombrios

Se elas cantassem agora, tu serias minha fé ilusória

Faça-me crer na eternidade de teus caminhos

Faça-me acreditar em sua última glória

 

Guardei as cinzas de uma esperança doentia

Das lembranças que queimaram em mim

Tantas dores guiam-me nas trilhas

Que nas trevas eu despertei após o meu fim...

Sou apenas a última parte ceifada

Daquele campo de sonhos infindáveis

A sua alma, hoje despedaçada

Outrora foi a mais amada

A mais amada...

 

 

***

 

 

 

 

 

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