Desvanecia-se o chão firme sob meus pés cansados
Eu vi minh'alma sustentada aos ventos da noite
Meus passos vacilavam, meus dias eram escassos
Maus sonhos - bons outrora - tornaram-se açoites...
Eu chorei pelos meus sonhos atirados no abismo escuro
Já não havia caminhos possíveis - era tudo perdição
Cada vereda, cada esperança, um lamento puro
Para aquele cujo eterno amor é uma maldição...
"Eu amei verdadeiramente" - cicatriz no tempo
Cada rocha dessa estrada era um momento
Que se perdeu na infinitude dos dias sem ti...
Retiraram meu chão seus olhos de temível desprezo
Serei eterno em minha tristeza - "não mais a reconheço"
São cinzas em mim o amor que um dia vivi...
Alma torpe, condenada às profundezas escuras do arrependimento
Tu sentiras o que fez em mim, em cada momento
Deus queira que um dia um alento
A ressuscite em sua própria alma...
E sejam as noites de lua cheia o teu carma
E o nome do poeta que enlouqueceste
Brilhará em cada estrela
E tu verás o que caminho de amor que renegou
Tua vil traição ecoará nos confins de teu espírito
E naquelas dias teu pai te lembrará
De cada beijo meu
De cada carícia minha
Que tu abandonaste nos recantos de seu coração ambíguo
E o chão que faltar aos seus pés
A levará para longe das lembranças de mim
Das lembranças de mim...
Allan Kelvin
***
__________________________________________________________________________